Thursday, November 28, 2013

Sobre os mitos da gravidez...

O que me motivou a escrever este post foi o fato de estar fora do Brasil, convivendo com muitas grávidas de diferentes lugares e vendo que, cada pessoa, cada lugar, cada cultura, tem uma série de crenças e hábitos que muitas vezes são tomados como regra ou uma verdade absoluta a ser seguida.

Estar longe de "casa" me possibilitou questionar um monte destas coisas e, melhor de tudo, escolher qual a "verdade" que mais me interessava em cada momento destes nove meses.

Para quem não me conhece, vale esclarecer que eu não sou médica e que tudo o que estou falando não tem nenhuma base científica, e sim empírica.

Sushi e sashimi
Li muitos livros americanos, e acho que as informações no Brasil se aproximam mais à estas do que às asiáticas. Minha sorte é estar no Japão. TODOS os médicos com quem eu conversei (três que eu me lembre), não somente disseram que sushi e sashimi estavam liberados, mas reconfirmaram os benefícios e a importância de comer muito peixe (cru ou cozido) pelas proteínas, omega3, etc. Paraíso!!!! Tenho uma amiga no Brasil cuja médica me pareceu mais sensata: disse que obviamente não tinha problema comer sushi e sashimi, desde que nos restaurantes que já frequentava, evitando comer em lugares que não conhecesse e não soubesse da qualidade da comida. Afinal, um lugar onde normalmente comemos e nunca tivemos problemas, provavelmente não traria problemas. Infelizmente, acho que médicas como esta, são mais exceções às regras…

Banho de banheira, ofurô, onsen (águas termais)
De novo, os livros que passaram por mim sempre enfatizaram os perigos de um banho de banheira (por subir a temperatura do corpo, etc). No Japão, para quem não sabe, é parte da cultura tomar um banho de ofurô (banheira) todos os dias. O Japão também é conhecido pelos onsens (banheiras/piscinas com águas termais). Por isso, esta foi uma das primeiras perguntas para os meus médicos. Obviamente, as japonesas não deixam de usar os ofurôs ou onsens quando engravidam. Na minha aula de natação para gestantes, antes E depois da aula, todas ficavam conversando dentro de uma jacuzzi quente, uma delícia!!! Super relaxante. E depois do banho, outro ofurô! Segundo um dos meus médicos (japonês, que estudou no exterior e atende 90% das expatriadas em Tóquio) estar dentro da água quente não tem problema nenhum, já que não subirá a temperatura de todo o seu corpo a ponto de causar riscos ao bebê. Ele disse que muito antes de qualquer possível risco pra você, o seu corpo te avisa e pede pra sair (como acontece normalmente quando você entra num ofurô/onsen), e explicou a diferença entre isso e ter febre, por exemplo, quando a temperatura do seu corpo TODO sobe. Como boa amante de um ofurô, e mais ainda de um onsen, não preciso nem falar que em todas as oportunidades que tive eu estava dentro da água, aproveitando para relaxar. E o baby sempre adorou!

Bebidas alcoólicas
No Japão atual, as bebidas alcoólicas para grávidas também são socialmente evitadas. A geração dos meus pais (hoje com mais de 50/60 anos) viveu uma realidade diferente, com álcool presente na gravidez. Isso fez com que nos jantares onde amigas japonesas mais velhas estavam presentes, eu sempre fui meio bullied a tomar algo.
Aqui também há muitos australianos. Para quem não sabe, eles bebem muito e adoram cerveja e vinho mais do que muitas culturas que eu já conheci por aí. Uma australiana aqui até me contou que quando engravidou brigou muito com o marido porque queria tomar uma taça de vinho por semana e ele era contra. Ela pediu que ele fizesse uma pesquisa e ele logo relaxou, quando descobriu que permitiam (pelo menos na Austrália) uma dose de álcool POR DIA.
Sempre que tive vontade de tomar algo (geralmente saquê), tomei. Infelizmente, quase todas as bebidas alcoólicas me causaram muita queimação e azia. A única que não foi assim foi a boa e velha caipirinha. :-) Um copinho desta sim, eu aproveitei, numa feijoada com brasileiros. Eita delícia!!

Queijos moles/suaves
Os livros americanos também proíbem comer queijos moles, como brie, camembert, etc. Aqui não tem nada disso. Todos estão liberados. Acho que eu comi mais queijo (de todo e qualquer tipo) este ano do que em toda a minha vida.

Ovo cru
Para a minha sorte, este é outro produto liberado no Japão. Não preciso contar que minha gravidez foi movida a base de gemada. Devo ter comido pelo menos uma por quinzena. E muitos pratos da culinária japonesa usam ovo cru normalmente. De novo, relaxei e aproveitei.

Lista de compras para o bebê
Estou quase certa de que os brasileiros têm a maior lista de compras de cacarecos para o bebê de todo o mundo. hahaha Exageros à parte, recebi de muitas amigas listas de coisas que uma mãe "deveria comprar" para se preparar para a chegada do seu bebê. Fiquei assustada com as listas brasileiras: eram infinitas! E no Japão, além do fato de que muitas coisas nem existem, também não há espaço nas casas para tanta quinquilharia. Resolvi pedir outras versões. Americanas, australianas, japonesas… As japonesas ganham o record das listas mais enxutas. Tudo isso me fez reconsiderar muuuuuitos dos itens que estavam nas listas brasileiras. Vamos ver como será, mas algo me diz que não farão falta…

E para os que querem repensar ainda mais como fazemos o que fazemos, e ver que no final das contas, todos os bebês crescem felizes e saudáveis em diferentes partes do mundo, com diferentes costumes e tradições, dêem uma olhada neste documentário "Babies", que apresenta quatro bebês em quatro países diferentes: EUA, Japão, Mongólia e Namíbia. É um lindo exercício tentar se desapegar de algumas raízes tão profundas à algumas coisas tão banais.


Friday, November 15, 2013

Álvaro na TV japonesa

Dia 30 de setembro o Álvaro apareceu num programa na NHK (canal de TV japonês): Sarameshi.

Era uma matéria sobre o almoço dele. A maioria das pessoas imagina que, como Embaixador, ele tem um chef que cozinhe todas as refeições dele. A Embaixada até recebeu ligações depois de pessoas perguntando se a matéria era verdadeira ou se era armação da NHK…

Segue o programa:


Ninguém (ainda) questionou os talentos da esposa que, diferentemente de muitas mulheres japonesas, não prepara e manda uma marmita linda pra ele todos os dias...

E desde este dia, em diversos lugares e diversas cidades do Japão, ele é reconhecido por pessoas na rua. Até num dos nossos restaurantes preferidos em Tóquio, um dos chefs reconheceu ele do programa. Só não pediu para o Álvaro dar umas dicas de culinária, não sei porquê…