Friday, April 27, 2012

Mais sobre terremotos...

Hoje tivemos uma visita ao Centro de Prevenção e Desastres de Tóquio, juntos com os demais Embaixadores Latino-americanos e do Caribe.

Todo o "tour" foi bem interativo. Muitas escolas fazem visitas para educar as crianças.

Primeiro, entramos num labirinto com fumaça, simulação de uma casa pegando fogo. E tínhamos que seguir as luzes de emergência para encontrar a saída. Um computador ia monitorando onde as pessoas estavam dentro do labirinto. E marcava também onde alguém passou de uma certa altura, porque o exercício era ir meio abaixado, para evitar inalar a fumaça (que era de mentirinha, claro).

Depois aprendemos a usar o desfibrilador e como proceder caso você encontre uma pessoa inconsciente.

Em seguida entramos no quesito terremoto em si. Aprendi que há dois tipos de terremotos (usando minhas palavras): um que oscila e outro que trepida. O terremoto do ano passado foi do tipo "oscilante", com movimentos mais laterais. O terremoto de Kobe, em 1995, foi do tipo "trepidante", com movimentos verticais. Em geral, estes movimentos verticais são mais fortes, com maior impacto (por isso foi tão grande a destruição em Kobe).

Ultimamente o governo japonês tem falado sobre a grande "probabilidade" de que haja um grande terremoto em Tóquio (nos próximos 100, 200 anos). Caso este terremoto seja deste tipo que trepida, estima-se uma destruição muito grande e causando até 150 mil mortos na cidade. O governo está trabalhando para reformar e modernizar as estruturas de edifícios antigos, pontes, viadutos, etc para que aguentem o tranco.

Há algumas escalas que medem terremotos. No Brasil acho que só ouvimos falar da escala Richter, que mede a magnitude de um terremoto, ou seja, a energia liberada pelo terremoto no epicentro. No Japão utiliza-se outra medida, chamada shindo e que mede a intensidade sísmica, ou seja, a energia liberada pelo terremoto em determinado local (ela pode variar em diferentes lugares de uma mesma cidade). A escala shindo vai de 0 (terremotos muito leves, não perceptíveis para humanos) a 7.

O terremoto de Kobe foi de 7.3 na escala Richter e foi a primeira vez que marcaram nível 7 na escala shindo. O de Tohoku foi de 9.0 interplate earthquake, com shindo 7 em algumas cidades mais próximas ao epicentro e 5 em Tóquio. 

A última parte do tour era uma sala-simulador de terremoto. Eles escolhiam a intensidade do terremoto e a sala começava a tremer. Você tinha que entrar embaixo da mesa para se proteger durante o terremoto. Quando pára, você deve proteger a cabeça com uma almofada (caso algo caia do teto, etc) e desligar máquinas e eletrônicos, para evitar qualquer chance de um curto circuito ou incêndio. Por fim, abrir a porta e mantê-la aberta para, caso necessário, ter uma rota de fuga livre.


Neste vídeo aparece a primeira simulação com o Álvaro, seguida da versão feita pela câmera que ele estava segurando. Em seguida, a mesma simulação comigo. Estas todas eram do tipo que "oscila". A terceira simulação também é shindo 7, mas do tipo que "trepida". O tranco é maior, apesar de ser mais curto e é aí que as estruturas são mais abaladas.

Espero mesmo não presenciar isso. Nunca! Terminei a brincadeira e fiquei muito mareada por um bom tempo. Que a terra não trema muito pelos próximos 100 anos...



Monday, April 16, 2012

Para quê realeza se não há nobreza?

Na mesma semana do meu post anterior: Um elefante incomoda muita gente... me deparo com a notícia do Rei Juan Carlos da Espanha quebrando o quadril em pleno tour de caça a elefantes.

Na minha talvez ingênua imaginação, famílias reais (e imperiais) deveriam agir como modelo a ser seguido pela população que representam. Quando mais eu lia sobre o tema, pior ia ficando... 

Primeiro, a história da família Real espanhola e as armas: neste artigo mencionam que o neto de 13 anos do Rei está em recuperação de um acidente com uma arma de fogo - um tiro no próprio pé. Como se não bastasse, o Rei quando tinha 18 anos, acidentalmente, atirou e matou o seu irmão de 14 anos. Tamanha  obsessão pelas armas, nem Freud explica. Agora, falando sério, alguém conta pra Globo esta trama! Ia ser uma novela e tanto!!!

Como se tudo isso não bastasse, vem a história principal: o tour na África para descansar caçando elefantes. O fato de que caçar elefantes seja legal em Botswana não muda a questão ética de caçar animais em extinção. Gostaria que alguém lesse para o Rei este excelente artigo do Juan Arias (espanhol que mora há 12 anos no Brasil). É uma "carta de um elefante para o Rei da Espanha". 

Ser Rei permite que você haja de qualquer maneira? Permite que você deixe de tentar construir um mundo melhor? Permite que você não seja ético? Ou será que só te permite achar que estamos em pleno século 16 para caçar elefantes sem que ninguém fique sabendo e se importe? 

Não imagino como os espanhóis se sentem, pagando impostos para sustentar, entre outros, o estilo de vida da família Real. Isso sem mencionar a crise que a Espanha está vivendo: ótima hora para este passeio "relaxante e construtivo", Majestade. 

Gostaria de ver consequências mais sérias para a realeza espanhola depois de tamanha barbárie. Que fique claro que realeza não tem nada a ver com onipotência. E que se a realeza vai continuar existindo, que seja para melhorar o mundo, não para destruir. Sem exceções. Que novos padrões de liderança comecem a ser estabelecidos e que um bom líder seja, acima de tudo, ético. Sempre.


PS: esta foto é de 2006...

Wednesday, April 11, 2012

Um elefante incomoda muita gente...


...mas a pereba incomoda, incomoda muito mais!

No norte do Laos decidimos fazer um mini curso de mahout. Mahout é a pessoa que "dirige", conhece e monta um elefante. Um mahout é treinado desde pequeno e recebe um elefante jovem/bebê, para que seja seu parceiro pela vida toda. 
Nosso curso era de dois dias. Parte do curso é usar a roupinha de mahout: blusa e BERMUDA azuis.

O curso começa e você está junto com o mahout no elefante. No meio do caminho ele desce e pouco a pouco vai te deixando sozinho com o bichano.

Passamos várias horas em cima de um elefante (sempre o mesmo). Para quem já montou à cavalo e lembra a dor na perna no dia seguinte, pode imaginar o que é passar tanto tempo em cima de um elefante. Com a pequena diferença que com cavalos eu só sentia no dia seguinte, e com estes pequenos eu já sentia minha perna tremer depois de algumas horas. 
A Lívia comentou numa foto minha que eles parecem peludinhos... Não parecem, são! Só que não são pelos delicados. Cada pelo parece mais um fio de nylon BEM grosso. Agora, imagine o que é sentar-se em uma cadeira cheias de fios de nylon espetados para cima... gostoso né? Pois é, essa era a sensação!

Parte da rotina deles é tomar banho no Rio Mekong. Obviamente, a gente também toma banho. 

Foi uma experiência linda! Eles são MUITO delicados, por incrível que pareça. Sentem qualquer mosca que pare em cima deles e fazem o possível para espantá-la.

Escolhem cada passo com precisão. 

Mas como nem tudo na vida são mil maravilhas... depois de vários dias com MUITA dor nas pernas por passar tanto tempo em cima de um elefante, eu descobri que tinha mais um brinde do passeio. Acordei no meio da noite parecendo aquele cachorro deste vídeo no YouTube, só que no meu caso eu só estava me coçando mesmo...

No dia seguinte fui ver o que era. Não sabia se tinha sido um sonho ou não... E lá estavam elas: as perebas!

O Álvaro também teve umas, mas acho que os pelos dele protegeram um pouco mais. Ou será que o elefante dele está reclamando das perebas? hihihi

As perebas demoraram semanas para desaparecer e parar de coçar. Moral da história para as futuras viajantes: para uma viagem como esta, recomenda-se não depilar.